Esse número ainda pode crescer diante da crise de redução de repasses de FPM e ICMS, avisa a Famep.
Enize Vidigal
A redução dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e da quota-parte do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) expõe a crise que se avizinha em muitos municípios brasileiros que não terão dinheiro para pagar o 13o salário do funcionalismo. No Pará, 88 dos 144 municípios já estão com a receita e a despesa desequilibradas, mas esse número ainda pode crescer, segundo o presidente da Federação das Associações dos Municípios do Estado do Pará (Famep), Nélio Aguiar. No Brasil, 51% do total de 5.565 municípios brasileiros enfrenta essa crise. A esperança reside na promessa do governo federal em pagar a compensação do FPM e em antecipar parte da compensação do ICMS até o próximo dia 30.
A prefeita de Placas, no Baixo Amazonas, Raquel Possimoser (MDB), conta que o município não possui arrecadação própria e sobrevive dos repasses do FPM e de ICMS. “Tá ralado sobreviver. A gente está conseguindo pagar a folha de funcionários, mas os fornecedores não. Estamos contando com 1% do FPM que os municípios sempre recebem no mês de dezembro para pagar o 13o”, conta. O município possui 974 servidores. “Porém, a gente vai ter a mesma dificuldade de pagar fornecedor, vai ter que comprometer o serviço público, deixar de atender a população como a recuperação de estradas vicinais, principalmente, e, talvez, em último caso, tenha que reduzir a folha de pagamento”.
Essas perdas são originadas da queda na arrecadação do Imposto de Renda e da redução da alíquota do ICMS sobre os combustíveis, comunicações e energia elétrica.