Aristides Dias
A rua Bacuri, em Óbidos, é a ladeira mais conhecida da cidade. Anos atrás quando se falava em Óbidos, a primeira palavra que vinha era a rua Bacuri. O visitante quando se referia a cidade, sempre dizia: a cidade que tem aquela ladeira, a Bacuri.
Essa ladeira que rasga a cidade de ponta a ponta cujo nome é rua Dr. Raimundo Chaves, em homenagem ao ex-prefeito e deputado, que muito fez pelo município, faz parte da história da “Cidade Sentinela”.
Sobre a Bacuri o acadêmico Carlos Antônio(in memoriam) da AALO, escreve em uma de suas crônicas: “Na Rua Bacuri moravam médicos, advogados, fazendeiros, políticos, tradicionais comerciantes, dos quais lembro: Isaac Hamoy, Cornélio Santos, família Barros, Emanoel Simões, família Ayres, Areolino Amaral, Brito Souza, Gentil Ferreira, Renato Martins, Ferrinho, José Imbeloni, Francisco Lôbo, Pedro Nolasco, Pastor Brelaz, Hélio Marinho, Délio Marinho, Agnélo Vieira, Dona Raquel, Dona Zuleica, Grijalva, Antonio Priante, Sinval Dias, Titilo Savino, família Aranha Martins, família Prado, família Silvestre Reis, Armélio Santos, Titilo e Lucidéia, Benedito e Leonardo, família Sarrazim e Florenzano”.
Essa descrição mostra a importância dessa rua na cidade de Óbidos. Sem contar que nela estão a prefeitura, câmara dos vereadores, colégio São José, Banpará, Banco do Brasil e o cemitério.
Mas toda essa bagagem não tira dela a fama de rua visagenta, isso mesmo. A Bacuri era uma rua temida por todos, por causa de suas histórias de visagem que apareciam na silenciosa e misteriosa madrugada.
Quem não lembra por exemplo do caixão que rolava ladeira abaixo, deixando todo mundo em polvorosa? E do homem do tamanho do poste que descia a ladeira nas frias madrugadas Pauxis? A porca arrastando uma corrente? Ninguém se arriscava a descer essa ladeira com medo de encontrar essas figuras fantasmas que habitavam o imaginário da gente Pauxiara.
Quando eu morava em Óbidos, não chegava nem perto dessa rua a noite, com medo de ser abduzido por uma dessas figuras fantasmas e, hoje, ao descer a ladeira(foto tirada a noite), vejo como era fantástico o imaginário popular.