QUANDO EU VI MARISA MONTE DE PERTINHO
Aristides Dias
Era início dos anos 90, o Carnapauxis ainda nem passava pela cabeça do Jorge Ary, então a pedida era encontrar a alegria do carnaval em outras paragens. Belém tinha um bom carnaval de rua, com desfiles das escolas de samba e todos os domingos os foliões se concentravam na praça da República, depois passou pra Doca, no governo Hélio Gueiros que era tarado pela Doca.
Mas, de repente surgiu uma oportunidade de ir para o ninho do carnaval raiz, lá de onde se dança o frevo e o maracatu e haja energia para encarar a rotina dessa folia que acontece em Recife, Pernambuco.
Pegamos uma carona numa excursão que saiu da praça Batista Campos rumo a capital do frevo. Clima da melhor qualidade no ônibus, mesmo com um amigo tendo que colocar um tapador de ouvidos para não ouvir meus roncos e ele dormir mais tranquilo e ficar em forma quando chegasse na folia pernambucana.
Chegamos no sábado gordo, bem no meio do Galo da Madrugada, maior bloco do mundo e fomos logo aprendemos o refrão da música: “Ei pessoal, ei moçada, o carnaval começa no galo da madrugada…”. Assim passamos pelo meio do Galo e fomos para o hotel que ficava na praia de boa viagem, que me lembrou logo da música de Alceu, que já foi minha. Verdade, já foi de minha autoria.
Certa vez em um bar em Belém, dois amigos meus discutiram por causa dessa música. É que o cara que tocava no bar estava tocando justamente La Belle de Jour e um comentou com o outro dizendo que a música era minha, o outro contestou dizendo que a música era do Alceu. A discussão levou um bom tempo para chegarem ao verdadeiro autor. É que o que dizia que a música era minha, escutou pela primeira comigo e colocou na cabeça que a música era minha.
Mas voltando a Recife, chegamos no hotel e eu mais dois amigos nos separamos da excursão e fomos pegar um carro no aeroporto onde tínhamos alugado. De lá já fomos conhecer as belas praias do Recife, a cada dia íamos em uma diferente, assim deu pra conhecer, Calhetas, Porto de Galinhas, Itamaracá entre outras, sempre de manhã, no final da tarde a pedida era Olinda.
Lá também me lembrava de Alceu e fui lá conhecer o ….” nos quatro cantos cheguei e todo mundo chegou…. Também curtir Alceu quando ele apareceu na sacada de sua casa e cantou vários clássicos seus e os frevos pernambucanos.
Lembro também que na época a música baiana estava dominando o Brasil e que um vereador de Recife aprovou um Projeto de Lei proibindo que as rádios da capital tocassem música baiana durante o período de carnaval. Era uma forma de resistir ao estrondoso sucesso dos baianos.,
A imagem da crônica é um registro onde encontramos pelos corredores do hotel com a fantástica cantora Marisa Monte e David Moraes, que era casado com ela na época. Ela sempre solícita nos recebeu com toda educação e com seu belo sorriso.
Ah, nesse hotel ainda tomei café da manhã com o craque do frevo, dos Novos Baianos, Moares Moreira. O registro foi, claro, na minha Yashica.