O TOP-SET DOS ANOS 80

Aristides Dias

 Ao concluir a leitura do livro “No ritmo da festa (Ou mais!…)” do craque Ademar Amaral, sucessor de Inglês de Souza, percebi que as domingueiras da minha juventude tiveram origem no Top Set, tertúlia criada pelo então badalado Alberto Mota e seu amigo José Cláudio Pinheiro, do CEPC, na década de 60.

O evento acontecia nos altos do edifício Palácio do Rádio, onde funcionava o Automóvel Clube, que nunca promoveu uma corrida de carro, assim como o Jóquei clube, que existia na época sem nunca ter realizado uma corrida de cavalos, segundo diz o renomado jornalista Lúcio Flávio Pinto, citado no livro de Ademar.

Ao narrar o encontro dominical, a lá jovens tarde de domingo tantas alegrias, velhos tempos, belos dias. Fiquei pensando no meu tempo, que não era muito diferente do então badalado encontro de jovens da década de 60. Vinte anos depois, a juventude da minha época se encontrava aos domingos, no mesmo horário, para dançar música eletrônica, a famosa discoteca.

A tertúlia não era ao vivo, ao som do solovox e vibrafone de Alberto Mota. O som que dançávamos vinha de sintetizadores e vários instrumentos elétricos mais modernos que aumentavam a nossa adrenalina, tocados em altos decibéis, com luzes de várias cores piscados que parecia que dançávamos em câmara lenta, os chamados estrobos.

Blitz, Paralamas do Sucesso, Donna Summer, Glória Gaynor, Patrick Hernandez, Barri White, Michel Jackson, Madonna e muitos outros alegravam o nosso domingo e nos deixavam bem mais felizes

Depois de economizar uma grana durante a semana, chegava o domingo colocava uma “beca” bem transada para chamar a atenção da retina dos olhares femininos e, tava eu, pronto para a nossa Top Set. Adorava quando tocava a música do Fábio Jr.: “Onde é que foi parar aquela menina, que me encantava quase toda noite, jogando beijos, palavras, olhares, sorrisos e pernas…”. Era certo puxar um broto pra dançar quando essa música tocava e engatar um papo que chegasse a um final feliz.

No mais, fora o som ao vivo da orquestra dos anos sessenta, o resto era tudo igual, as paqueras, as bebidas, as lisuras e as porradas. Como diz o registro de Edgar Augusto no livro que da janela de seu apartamento onde morava no mesmo prédio em que acontecia as festas, vez por outra via cadeiras voando em sua frente, era o porradal comendo lá em cima.

Na minha época também existia isso, pois era o tempo das “turmas de brigões”. Turma da Bailique, da Cidade Velha, da Doca, da Praça Amazonas e outras, pois eles marcavam justamente os locais das nossas festas(Paysandu, Marista, Círculo Militar, Ginzas etc.) para brigarem e acabava sobrando muitas das vezes para quem não tinha nada com o negócio, sem falar que tinha domingo que a festa  parava antes do tempo por causa dos brigões.

Resumo da ópera, o que diferenciava a turma de 60 para a turma de 80 era o solovox e o vibrafone do Alberto Mota.

Aristides Dias é jornalista, escritor, membro da Academia Artística e Literária de Óbidos – AALO, membro da Academia Maçônica de Letras do Pará – AMALEP, membro da Academia de Imprensa de Belém, editor chefe do AmazonPauxis.

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