Lá se vão 40 anos do primeiro Festival da Canção Obidense

Aristides Dias

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A década de 1980 foi importantíssima para a música brasileira, bandas como Paralamas do Sucesso, Titãs, Barão Vermelho, Kid Abelha e muitos outros, começavam a embalar a juventude da época.

Quem não curtiu sonífera ilha (Titãs), Meu Erro (Paralamas), Bete Balanço (Barão Vermelho), Fullgás (Marina), Me Chama (Lobão), Como eu quero (Kid Abelha) e muitos outros sucessos dessa década de ouro do rock nacional? Vale ressaltar que os amantes da MPB também bebiam da fonte de puro talentos como “Vai passar” de Chico Buarque, Lilás, de Djavan, Lindo Lago do Amor, de Gonzaguinha e muitos e muitos sucessos, sem esquecer do super pop, Michael Jackson com seu Thriller, que foi um estrondoso sucesso no mundo inteiro.

Paralelo a essa efervescência musical do país, a tranquila cidade de Óbidos, também viveu momentos especiais com sua musicalidade. Mais exatamente nos dias 21, 22 e 23 de dezembro do ano de 1984, onde se realizou o primeiro Festival da Canção Obidense. Um evento que mexeu com toda a cidade, uma espécie de Woodstock Pauxiara, e que esse ano completa 40 anos. O acontecimento foi um verdadeiro presente de Natal para os Fivelas.

O festival abriu janelas para mostrar e revelar talentos obidenses, como Jaime Muniz, Clarice Canto, Rosinaldo Cardoso, Amauri Savino, Alvino Cerdeira entre outros. É nos festivais que se revela os grandes talentos, quem não lembra de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Rita Lee, Guilherme Arantes, Nara Leão, Tom Jobim, Geraldo Vandré, e muitos outros craques da MPB que surgiram em festivais.

O inédito festival obidense foi organizado pelo JOLUC (Jovens de Lourdes Unidos em Cristo), o evento foi realizado na praça de Sant’Ana com grande público e apresentação do radialista da badalada rádio Rural de Santarém, Edinaldo Mota. Uma média de 80 músicas foram inscritas e somente 30 foram classificadas para as duas eliminatórias, ficando 12 para a finalíssima.

A música vencedora foi “As vezes” de Sérgio de Andrade, interpretada por Amauri Savino. A segunda colocada foi “Canoeiro” parceria de Alvino Cerdeira e Sérgio de Andrade, defendida por Alvino e em terceiro lugar ficou “As Rosas” de Cialdine Rocha e Antônio Delfino, com interpretação de Cialdine.

O interessante que até hoje, onde o Amauri Savino vai cantar, ele tem que colocar no repertório a música vencedora do festival. São 40 anos de sucesso.

A grandiosidade do evento não ficou só nas apresentações das músicas e na voz do apresentador. Para se ter uma ideia, 25 pessoas entre músicos e cantores saíram de Óbidos rumo a Belém, para gravar um LP com as músicas finalistas do festival. A gravação foi na gravadora Gravason, do conhecido Carlos Santos e o resultado foi fantástico, ficou para a história musical do município de Óbidos, uma atitude ousada e inovadora para a época.

O LP veio valorizar e eternizar aquele momento inédito da música obidense, mil discos foram produzidos e, quem tem esse vinil tem uma raridade em mãos. Não só ele, porque também no ano seguinte aconteceu o segundo Festival da Canção Obidense, que também teve seu registro fonográfico, mil discos também, inclusive os dois LP`s tiveram depois, suas versões em CD, e hoje, essas duas formas físicas do registro de um momento épico da musicalidade Pauxis, encontra-se na galeria das raridades da cultura obidense.

Aristides Dias é jornalista, escritor, músico, compositor, membro da Academia Artística e Literária de Óbidos – AALO, membro da Academia de Imprensa de Belém, membro da Academia Maçônica de Letras do Pará -AMALEP.

 

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