A Câmara Municipal de Belém aprovou, por unanimidade, projeto de lei da Bancada Mulheres Amazônidas que reconhece o ofício das erveiras do Mercado do Ver-o-Peso

Dilson Pimentel

Beth Cheirosinha tem mais de 50 anos de Ver-o-Peso: “O segredo é ter fé” (Thiago Gomes/O Liberal)

O ofício das erveiras do Mercado do Ver-o-Peso foi reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial de Belém. A aprovação do projeto de lei de autoria da Bancada Mulheres Amazônidas (Psol) ocorreu na semana passada (24), pela Câmara Municipal de Belém. Exercido, sobretudo, por mulheres e transmitido de geração para geração por meio da oralidade, o trabalho implica no conhecimento de ativos medicinais presentes em ervas, cascas, raízes e outros elementos presentes na natureza. A erveira Bernadete Freire da Costa, a Beth Cheirosinha, 74, gostou da decisão dos vereadores. “É muito importante. Isso aqui faz parte da nossa cultura paraense. São nossas raízes. É mais do que merecido esse reconhecimento”, afirmou.

O ofício é uma exímia expressão das culturas indígenas, negras e ribeirinhas na capital paraense. Exercido, sobretudo, por mulheres e transmitido de geração para geração por meio da oralidade, o ofício implica no conhecimento de ativos medicinais presentes em ervas, cascas, raízes e outros elementos presentes na natureza. Eles são manipulados artesanalmente e se transformam em banhos, óleos, pomadas e perfumes, prescritos para a cura de enfermidades físicas, emocionais e espirituais.

Co-vereadora da bancada propositora do projeto de lei, Gizelle Freitas diz ser “impossível pensar em Belém, no Ver-o-Peso, sem lembrar desse símbolo. É a preservação do nosso saber ancestral afroindígena amazônida”.

Ainda segundo ela, “espanta que ainda não fosse reconhecido como patrimônio imaterial cultural. Agora é usar esse título para lutar por políticas públicas a esse público, ouvir erveiras e saber quais outras demandas elas têm. Que o poder executivo tenha políticas de valorização do ofício de tantos sujeitos sociais que compõem nossa cidade”.

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