CARTA AOS PARCEIROS
Aristides Dias
Caros parceiros, falo da terra e as notícias não são nada boas, mas sempre nos resta um fio de esperança de que um dia as coisas mudem. As guerras continuam e a insanidade humana é cada vez mais assustadora.
Estamos em pleno inverno amazônico, e as epidemias espalham-se Brasil afora, levando a vida de muita gente. Até a dengue que era um probleminha antigamente, hoje, virou problemão.
A nós, simples mortais, nos resta seguir em frente, afinal, o tempo não pára, já dizia o poeta. Tem dias que fico Lembrando de alguns momentos juntos. Parceiro Botto. lembra quando ficamos de olho no tira-gosto da mesa ao lado da nossa, lá no bar do Gilson? Quando o casal deixou mais da metade, não pensamos duas vezes, chamamos o garçom que deixou para nós toda aquela macaxeira com bacon. A nós coube muitas risadas e muitos goles de cerveja.
Parceiro Miguel, lembro dos telefonemas nos finais de semana avisando onde seria a cantoria (na época não existia os bares de música ao vivo), e as cantorias na Vila Pombo? Essas não existem mais, passei por lá outro dia, as portas e janelas estavam fechadas e aquela alegria de sempre, já não existe mais. Não teve como não lembrar da Maria, Tereca, Genoveva, Lúcia, sempre com sorriso no rosto quando chegávamos e aquele quintal mágico que quando chegávamos, não queríamos mais sair.
Botcheco, como era chamado também, se estivesse por aqui, estarias morrendo de raiva do teu leão que não anda bem das pernas e anda dando vexame pra sua torcida, mas também sei que estarias ligado no rádio, celular, tv, seja aonde fosse que tivesse passando os jogos do Remo e enchendo a caixa de mensagens dos torcedores bicolores se o Remo ganhasse.
Parceiros, a turma de gente bacana, os Pé na Cova, anda um pouco dispersa, mas sempre quando dá pra se reunir a gente se reúne, se estivessem por aqui, acho que nos veríamos muito mais. Falando nisso, já se encontraram com o Costa e o Serginho Coelho por aí por cima? Quando se encontrarem diz que estamos com muita saudade, mas vamos continuar por aqui, (risos).
Botto, eu tive que dar continuidade na nossa festa de outubro, para que a tradição não acabasse. Lembra que chegamos a fazer uma com quase trezentas mesas vendidas? Pois é, hoje não chega nem a cem. Você sabe disso. Mas a gente mantém a tradição. Lembro quando o tempo apertava, a gente não parava pra almoçar e comia aquele frango assado na brasa, mas até o final do dia a gente acaba entregando as mesas que faltavam.
Lhaga, também carinhosamente chamado meu parceiro Miguel, o Garantido está em alta, pois até sua cunhã-poranga está no BBB da Rede Globo e ta fazendo bonito. O teu PT voltou ao poder, mas é melhor nem falar de política, está tudo muito chato e as vezes violento, com pessoas não conseguindo se entenderem por causa disso e até perdendo amizades.
Parceiros, os dias estão corridos por aqui, me perdoem a pressa, é a alma dos nossos negócios, vou ter que ficar por aqui, vou aproveitar que a chuva deu uma trégua e vou tomar uma, lá no bar do Gilson, que ainda tem uma boa música pra se escutar. Lá na frente conto outras novas. E daí de cima, mandem energias positivas para nós, estamos precisando.