DO RIO A BAÍA, UMA HISTÓRIA PRA CONTAR

ARISTIDES DIAS

Belém é uma cidade com uma história muito rica, por onde você andar vai encontrar algo para contar. Outro dia passando pela Travessa Padre Eutíquio fiquei a lembrar de quanta coisa que marcou gerações, existiram na extensão daquele logradouro público.

Antes, ela se chamava Travessa São Matheus e em 1890 passou a se chamar Travessa Padre Eutíquio, dez anos após a morte do padre que lhe dá seu nome. O religioso foi figura importante nas discussões sobre ideais abolicionistas, republicanos, sobre a liberdade de expressão e a emancipação dos escravos.

Padre Eutíquio era baiano, nascido na década de vinte, veio para Belém em 1851, já como padre, se tornou vereador, foi expulso do exercício religioso por conta do conflito com Dom Macêdo Costa, se tornou editor do periódico ‘O Pelicano’, há a criação de outra loja Maçônica, esta chamada Aurora, e envolvida, inclusive, no processo da discussão sobre a emancipação dos escravos em Belém. Seus restos mortais encontram-se hoje na loja Maçônica Harmonia nº 8º que ele fundou.

A rua atravessa três bairros, Campina, Batista Campos e Condor, além de duas praças, Batista Campos e da Bandeira.

No trajeto que fiz, desde a Bernardo Sayão, vim lembrando do que já existiu e ainda existe nessa rua: A começar com o exótico Lapinha, que foi referência na noite Paraoara, bem ao seu lado outra casa noturna, o Bolero, palco de muitos casais. Depois de um tempo quem comandava as segundas-feiras na Padre Eutíquio, era o pagode do Pompilho, no mesmo quarteirão.

Atravessando a Alcindo Cacela, quem reina até hoje é o famoso Bar do Gilson, local de boa música; seguindo em frente se via a República do Emaús, trabalho grandioso do padre Bruno Sechi, o quartel dos Bombeiros e mais na frente a famosa sorveteria Tip-Top, point da juventude dos anos 70,80.

Caminhando ainda um pouco mais chega-se na praça Batista Campos, uma das mais bonitas de Belém, lá existia a famosa faculdade de Odontologia, onde se assistia filmes de artes, e a falada e misteriosa casa dos Maioranas. Na esquina com a Tamoios, onde hoje é a PGE, existia o famoso colégio Abrão Levy, vulgo “Abrão me leva”. Na sua frente o tradicional colégio Santa Rosa, nesse mesmo quarteirão tinha também a famosa escola de dança Clara Pinto e a também não menos famosa lanchonete Boss.

Passava a Conselheiro, do lado direito quem quisesse sonorizar seu carro, era só parar na loja Koly, referência na época. Mais em frente podia-se ficar na moda comprando na Mesbla e depois Visão (hoje shopping Pátio Belém), mas a pizza boa era mesmo no Mamma Mia, bem em frente.

Continuando o percurso, lembrei da discoteca Ginzas, que ficava quase na esquina da Tamandaré, onde passei várias tardes/noites de domingo, requebrando o esqueleto. Quando chega na praça da Bandeira, dela se avista um dos maiores berços da educação do Pará, o colégio Paes de Carvalho, depois de cortar a praça da Bandeira, no comércio, se comprou muito na Visão e, embora não ficasse na Padre Eutíquio, quando atravessava a João Alfredo, não tinha como não ver sua maior concorrente, a famosa Lojas Capri. Descendo mais um pouco, chega-se no nosso cartão postal Ver-o-Peso, na beira da Baía do Guajará.

É isso mesmo, eu vim de lá da beira do rio Guamá e me joguei bem na Baía do Guajará. Viva Padre Eutíquio!

Obs: Isso foi o que minha memória alcançou, acredito que deve ter gente com mais lembranças, principalmente os mais antigos.

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