Aristides Dias

 O irreverente e talentoso cantor Reginaldo Rossi, dizia em sua canção: “Garçom, aqui nessa mesa de bar, você já cansou de escutar, centenas de casos de amor…”. sabe-se que em mesa de bar não se fala só de amor, debate-se política, discute-se futebol, fala-se da vida alheia, espalha-se fakes e tem gente que não sabe nem o que vai fazer numa mesa de bar e muitas outras coisas mais.

Certa noite, em uma mesa de bar, quatro jovens conversavam descontraidamente suas experiências de vida, deu pra notar o assunto porque o tom da conversa era um pouco mais alto do que o normal, visto que tinha uma música ao vivo de fundo. Ao lado da mesa das jovens um solitário boêmio tomava sua terceira ou quarta cerveja. Ele, na faixa dos cinquenta, com os cabelos começando a ficar grisalhos não tinha como não escutar a conversa da mesa ao lado, que acho que passou a ser uma companhia para sua noite solitária, escutar a conversa alheia.

Na mesa das mulheres, todas na faixa dos 35 anos, uma contava sua experiência com um rapaz que acabara de conhecer. Ela contava que o jovem chegou a dizer pra ela que, em sua casa, as mulheres que entravam, de preferência tinha de ser de “peitinhos duros”, que não era o caso dela.

Suas colegas, todas “passadas” com o que disse o seu pretendente, ficaram boquiabertas. Mas ela não se sentiu preterida e foi logo respondendo ao exigente galanteador: “Tudo bem, na minha casa só entra se tiver no mínimo 22 centímetros, caso contrário fica do lado de fora”, disse ela toda dona de si, e ainda disse mais: “Te vira”, caindo na gargalhada em seguida.

O boêmio da mesa ao lado, ao escutar a história da jovem, franziu a testa, ajeitou os óculos, olhou para as coxas, como quem diz, você nunca vai entrar na casa dela! O garçom passou, ele pediu mais uma cerveja, deu um sorriso de contentamento com a sua realidade e tomou um “verão” (copo cheio). Em seguida, o cantor mandou a música de Paulo André e Rui Barata: “Mesa de bar, já nem sei mais o que vim fazer…”.

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