O taxi e o Curimatã

 Aristides Dias

 

 

O carnaval de Óbidos, oficialmente são sete dias, mas quem chega no final de semana antes dos dias oficiais, tem dez dias de folia. Durante essa farra momesca a cidade fica bem movimentada com muita gente de vários lugares da região. Com isso, o consumo aumenta consideravelmente no comércio, principalmente nos restaurantes.

Existem poucos restaurantes na cidade, mas paralelamente tem os deliverys que te deixa a comida na tua porta. Enquanto estive na cidade, foi assim: de manhã o café em um pequeno local perto de casa e na hora do almoço sempre procurava um restaurante, assim foi durante todo o carnaval.

Na Quarta-Feira de Cinzas, a cidade amanheceu de ressaca do Mascarado Fobó, movimento só na igreja de Sant’Ana onde acontecia a missa. O café onde sempre tomava estava fechado. A salvação foi o Julinho Coelho que estava com seu estabelecimento aberto e podemos (podemos porque estava na companhia de minha irmã) nos deliciar com seus saborosos sucos acompanhados de um salgado.

O café foi salvo pelo suco, tudo certo, fomos fazer o que ainda restava, pois no dia seguinte partiríamos para a capital paraense. Chegada a hora do almoço, o restaurante que sempre íamos no centro, estava fechado, então resolvemos pegar um taxi e ir em um mais distante, também estava fechado, no caminho desse existe um outro e também estava fechado. Resultado, os quatro que tínhamos conhecimento não estavam funcionando e a fome aumentando, já passara das 12 horas.

O taxista resolveu ligar para um delivey, a resposta foi negativa, pois tinham acabado de encerrar suas atividades naquele dia. Só nos restou voltar pra casa e pensar na farofa de ovo com um biju que ainda tinha por lá. A cidade que pretende investir no turismo tem que atentar para esses detalhes.

Encontrei uns amigos que estavam na cidade que moram em Manaus, eles disseram que passaram o mesmo perrengue, quem os socorreu foi uma amiga que conseguiu uma farofa de piracuí e uns bifes. Não tivemos essa ajuda, mas o desenrolar foi surpreendente.

Depois de rodar atrás de restaurantes e não encontrar um aberto, resolvemos voltar pra casa, e, quando já estávamos indo embora, o motorista me chamou, pediu pra eu meter a cara na janela do carro e disse: “eu tenho um curimatã assado na brasa aqui. Era meu almoço, mas como me ligaram convidando pra almoçar na casa de um amigo, eu posso te passar ela, paga o mesmo preço que eu paguei”.

Peguei no bicho e ele estava quentinho, acompanhado de arroz. Para quem estava pensando num ovo, o que apareceu foi um banquete. Minha irmã topou a oferta e levamos para a mesa. Quando tiramos do papel alumínio e abrimos, ele estava ovado, o que deu mais água na boca ainda, só faltou o limão. Foi um almoço inusitado, mas delicioso.

curimbatá, também chamado papa terracuribatácurimatácurimatãcurimataúcurimbacurumbatácrumatágrumatá, grumatã e  sacurimba é um peixe teleósteocaraciforme da família dos caracídeos, da subfamília dos proquilodontídeos, especialmente do gênero Prochilodus. Vive em todo o território brasileiro. Alimenta-se de vegetais e de lodo. Pode ser aproveitado para aquacultura.

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